Pirates of Caribbean 2 SPOILERS
Disclaimer: Read carefully the last post.
O post de ontem estava mais bonito, mais profíssional. Mas, tive que postar assim hoje, pela falta de tempo. Perdão. Sei que alguns aguardavam minha explicação sobre isso pelos argumentos dos últimos dias e peço desculpas por me alongar tanto, mas devido a todas as circunstâncias, fui obrigado a fazer esse post colossal. O que era pra ser uma resenha, virou uma análise. Não gosto de fazer análises com SPOILERS, mas nesse caso abri uma exceção. Talvez eu volte no futuro com uma resenha breve sobre esse filme, após rever umas 30 vezes, em DVD, quando sair.
Após o sucesso de A Maldição do Pérola Negra, seria inevitável que a fome comercial da Disney não levasse a criação de uma aventura de continuação para os carismáticos personagens Will, Elizabeth e Capitão Jack Sparrow. Os roteiristas, então, provavelmente bolaram uma boa história, mas que não tinha ligação alguma com o primeiro filme: o enredo da terceira parte. Mas e quanto ao elo entre as tramas? Com algumas informações interessantes, algumas piadas espertas, outras manjadas, e muitas cenas totalmente dispensáveis o ajuntamento foi feito através de O Baú da Morte.

O nome é um aspecto importante do filme. O original era muito inteligente, afinal, Chest pode significar Peito ou Baú, e sendo o antagonista um personagem que arrancou o próprio coração, há uma dualidade no título original: Dead Man's Chest. Uma criação genial, e uma das poucas da obra.
A manutenção do elenco foi outro grande esforço valioso, digno de aplausos por parte dos produtores. Com exceção de alguns personagens valorosos como a pirata Anamaria, quase todos estão presentes, o que mantém a impressão de continuidade e a promessa de um bom terceiro filme. Infelizmente, porém, alguns personagens tem suas personalidades levemente alteradas. O site Omelete, através de Marcelo Forlani classifica essa alteração como amadurecimento dos personagens, o que levou a um triangulo amoroso, ainda segundo o colunista. Analisando friamente, porém, pode-se perceber que os personagens não estão mais maduros. Suas personalidades simplesmente foram transformadas. Isso ocorre com Jack, Will, Elizabeth, e, gritantemente, com Norrignton. Acima de tudo, o Comodoro teve sua bondade substituída pela tolice e sua honra pela mesquinharia.
O site prossegue com o destaque de Sparrow, sendo uma cena de índios e chama o roteiro de bem amarrado. Aqui, faço uma breve pausa para ir buscar na comunidade de Piratas do Orkut uma mensagem de uma jovem fã:
como assim o enredo não é la esas coisas??????? e o que tem a ver a Disney?
o filme é um máximo!!!! O johnny Depp estava perfeito, o Orlando Bloom tbm..
Retomo agora, discordando dos dois e, mais tarde, comentando a frase o Orlando Bloom tbm...:
Minha cara, o enredo não é lá essas coisas porque é puramente comercial, sem conteúdo nenhum. Oras, se dúvida do que digo, EXCLUA A PARTE DOS ÍNDIOS que é bem grande. Pra que serve? Pra porra nenhuma. Tem efeito na história?! Não. Porque tá lá?! PRA ENCHER LINGÜIÇA. PRA ENROLAR OS FÃS. Vibrem, VIBREM FERVOROSOS. Logo, se algo está no roteiro pra enrolar, é porque o roteiro é ruim.
Põe uma coisinha engraçadinha aí que já era, eles vão gostar. E vão mesmo.
Pra mim, um verdadeiro fã de aventuras, contos épicos, piratas, Piratas do Caribe e do Capitão Jack Sparrow, a grande sacada do primeiro filme era que se tratava de uma aventura de piratas com muitas pitadas de humor, ainda assim, uma aventura. O novo é uma comédia, e pior, sem conteúdo. Eu transponho pra um livro, ou uma aventura de RPG... me parece um escritor/narrador/mestre totalmente perdido que não tem a trama bem amarrada e planejada em sua mente consciente da oscilação dos acontecimentos e possibilidades infinitas da surpresa e do improviso, mas sim, quer enrolar seus leitores/jogadores enquanto bola algo.
Excluam a parte dos índios.
O pior é que as sacadas inteligentes do primeiro filme superaram e demais as desse segundo... e elas foram o ponto forte de Baú da Morte. O que me leva a questionar a mente de alguém que considere essa continuação melhor que a primeira obra. Vou dar exemplos:
No primeiro filme, você tinha um discurso sensacional de Jack dizendo que era desonesto, e que um homem desonesto você sempre poderia acreditar que seria desonesto, mas era dos honestos que deveria se desconfiar quando seriam desonestos.
Além disso, enquanto Will trabalhava nas espadas, o ferreiro velho sempre levava as glórias dos seus feitos. Mas no fundo, todos sabiam que era Will quem as fazia, como provado no final do filme, quando Norrignton, que outrora ordenara ao pirata/ferreiro a levar seus cumprimentos a seu mestre pela produção da arma, diz que a mesma lâmina era fina e esperava que ela demonstrasse o caráter de quem a fez, ou coisa do tipo. A situação é, ao mesmo tempo, uma crítica social, cômica e conseqüentemente inteligente.
As cenas de Jack ordenando aos piratas comandados por Barbossa que voltem aos seus barcos e as insinuações referentes a traição, feitas ao vilão, eram por demais espertas e divertidas. A própria mística dos personagens e dos locais era recheada com bom humor e características humanas dos personagens, como todos os feitos malandros de Sparrow.
Esse teve, sim, um roteiro bem amarrado. A busca pela última moeda do ouro asteca tomado por Cortez, mas feita pelos vilões, ao invés dos heróis, a maldição, o sangue de Bootstrap... ETC.
No segundo filme, a melhor sacada de todas, em termos de humor, é quando Will fala que se amarrou a duas tartarugas marinhas. Claro, Orlando Bloom foi péssimo na hora de fazer a piada. Além disso, piadas se repetiram do primeiro filme, algumas muitas vezes, outras poucas, outras com timing, outras sem, umas boas, outras nem tanto. Quando Will e Elizabeth falam CAPITÃO Jack Sparrow, no começo, normal. Force o riso. Quando Davy Jones acusa: Você não queria ser O CAPITÃO Jack Sparrow?! Boa, com timing, pois falava sobre o pacto para se tornar capitão do Pérola e ZOMBAVA do que Jack mais se vangloriava e aquilo o condenara. O roteiro, enfim, pela parte dos índios totalmente dispensáveis e algumas cenas de batalha que estavam lá apenas para gastar tempo, embora bem feitas, mas não poéticas, não é bem amarrado e essas cenas citadas provam que o enredo é medíocre, não digno de Piratas do Caribe. Um ponto alto do roteiro foi à explicação sobre a bússola de Jack. Os 5 segundos finais foram o ponto máximo, mas, dadas as circunstâncias, bem previsíveis.
A trilha sonora, a alma da obra, deve andar sempre lado a lado com as cenas, buscando explorar a emoção do espectador. No primeiro filme, louvável. Excelente trabalho de Klaus Badelt.
COMO a trilha da segunda obra, que, ao escutada por alguém destreinado ou não apreciador de boa música, e se assemelha TANTO a do primeiro, pode ser tão ruim?!
Eu digo... primeiro que ela não te emociona. Me digam que parte de Baú da Morte, com exceção do final, dos cinco segundos finais de filme, que vou comentar a seguir, emocionou. A morte de Jack com certeza foi a única. Não tem outra. No primeiro filme, era emoção atrás de emoção. E não digo só com a ação, pois o que tem demais nessa continuação e até estragou um pouco é ação, feita de qualquer jeito. Cenas bonitas, mas sem sentido. A música também. Ela está mais pesada, mais ativa. Não empolga.
A direção pecou um pouquinho por não extrair dos atores o melhor de cada um. O figurino ficou legal, a fotografia é mediana, o panorama peca um pouquinho.
O que valeu e o que não valeu?! (SPOILERS GRAVES)
Valeu: O Kraken, bem feito e a tripulação de Davy Jones, incluindo o próprio e o Homem-Tubarão-Martelo, fantástico. As atuações de Johnny Depp (Jack Sparrow), Jack Davenport (Norrington), Bill Nighy (Davy Jones), Kevin McNally (Gibbs), Stellan Skarsgard (Bootstraps) e principalmente, o melhor do filme disparado com aquele sorrisão maroto, mesmo que durante apenas cinco segundos finais, Geoffrey Rush (Barbossa). O gancho que leva pro terceiro filme, esse sim, genial, ainda mais usando alguém que já ESTEVE LÁ para resgatar Jack, e a estupenda pergunta de Barbossa: O que fizeram com meu navio?!
Não Valeu: As cenas enrolonas com os índios. Isso podia ser extra de DVD. Tá, você achou engraçado, mas imagine que essa cena poderia ser substituída por algo relevante na história e ainda assim divertido, como é o caso do primeiro filme. Pra quem acha que valeu porque agora, os dois piratas outrora comandados por Barbossa se juntaram a trupe de Jack, existem MIL MANEIRAS muito mais interessantes de se fazer com que eles se juntassem a tripulação. E, não por acaso, como foi, o que justificaria aí sim, a lealdade final para com Jack demonstrada pelos dois escrotões. As cenas exageradas de luta sem sentido, sem poesia. Lutar por lutar, pra resolver nada. Quem pratica artes marciais, gosta de luta, acha duelos com espadas bonitos e entende um pouco do que é SER POÉTICO, vai entender o que to dizendo. As lutas estavam lá pra passar o tempo, diferente do primeiro filme. Todas as lutas da primeira parte tiveram sentido. Algumas cenas excessivamente sombrias ou violentas, o que não havia necessidade: elas estão lá simplesmente para mostrar que a Disney pode ser malvada as vezes, e não só fazer Bambi ou Branca de Neve. Dispensáveis. A alteração da personalidade dos personagens. Orlando Bloom e Keira Knightley.
O QUE EU FARIA: Trabalharia melhor o primeiro encontro com Bootstraps e a situação de Jack em relação à Davy Jones. Exploraria melhor o cenário. Excluiria a cena dos índios e trabalharia melhor o envolvimento dos dois piratas de Barbossa com a trupe de Jack. Manteria Will, Elizabeth e Jack unidos e incluiria Norrington no grupo. Faria uma luta final com Davy Jones, que culminaria no uso do Kraken, selando o destino de Jack, e faria com que durante essa luta, a Companhia das Índias conseguisse o baú com o coração do vilão. Aí sim, o final e o gancho para o próximo filme seriam os mesmos. Estou pensando em fazer um roteiro de como seria o MEU Piratas do Caribe 2.
Entenda por luta final com Davy Jones a última seqüência de batalha de Baú da Morte, e não o fim do personagem.
Os atores e seus personagens:
Johnny Depp ? Jack Sparrow: O melhor ator de sua geração brilha de novo. Não como no primeiro, mas vai bem. Seu personagem perdeu a natureza, foi forçado a mostrar que continuava com a mesma personalidade, apesar da leve alteração dos comportamentos. Johnny deixou-o o mais natural possível, salvando o bom capitão.
Orlando Bloom ? Will Turner: Um comentário alegando a perfeição da interpretação desse sujeito me faz questionar o que a autora entende de atuação e personagem. Péssimo, forçou demais. Tudo. Muito artificial, sem emoção, parecia mentindo o tempo todo. Não to aqui, não sou eu, não sinto raiva de você. Até acreditei que ele tinha talento quando fez o Legolas, apesar de tudo. Nem parece a mesma pessoa do primeiro filme, o que me leva a crer que o diretor tem culpa no cartório ou que ele estava em uma temporada ruim quando fez este segundo.
Keira Knightley ? Elizabeth Swann: Bonita, foi mal. Ninguém fala que ela foi perfeita atuando (Quando a elogiam é porque dizem: Ah, todos foram perfeitos), o que me leva a crer que a análise interpretativa de Orlando Bloom feita pelas mulheres é puramente passional.
Jack Davenport ? Norrington: Bom ator, bons trabalhos. Foi melhor no primeiro filme, mas mantém o seu olhar firme e característico emprestado ao personagem na versão anterior de maneira magistral.
Bill Nighy ? Davy Jones: Muito bom ator, a melhor escolha pro personagem. Achei que podiam ter dado uma distorcida legal na voz, pra ficar com um caráter sobre-humano, mas ainda assim está ótimo.
Geoffrey Rush ? Barbossa: É um puta ator... Sensacional, em cinco segundos fez valer o ingresso.
Outros atores foram muito bem, o que os isenta da culpa pela não maximização da potência da obra. Destaques para Kevin McNally (Gibbs) e Naomi Harris (Tia Dalma).
Apesar de tudo: Eu acredito FIELMENTE que o terceiro filme será ÓTIMO.
Piratas do Caribe 2: O Baú da Morte.
Nota: 6.5 ( O que é ruim, se tratando de Piratas do Caribe).
Direção: Gore Verbinski (Só peca em não ser perfeccionista e no apoio aos atores).
Roteiro: Ted Elliot e Terry Rossio (No outro, geniais. Nesse, ruins).
Estrelando: Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knigthley, Jack Davenport e Bill Nighy.